segunda-feira, 15 de março de 2010

Samba para Carioca Sentar.

Na década de 30, o Brasil sofreu com a rivalidade política de dois importantes vizinhos. A delegação de São Paulo – estado que crescia financeiramente a partir de sua industrialização – fora banida de participar da primeira copa do mundo por fazer frente com a política do Palácio do Catete – antiga presidência –, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, houve o que os cariocas chamam de Guerra Paulista e que os paulistas chamam de Revolução Constitucionalista, uma tentativa frustrada de acabar com a autonomia política de Vargas. Dessa briga, porém, nunca haviam feito tanto desprestígio nacional quanto ter chamado São Paulo de o estado que não sabe sambar.

Hoje, o Rio só se vangloria dos artistas de sua MPB. Nem mais presidência é, e sem contar com o efeito pobreza: favelas, drogas, crimes etc. Se por algum acaso ele vir a perder esse título majestoso, temo pela situação de sua população.

Todavia, no Museu de Imagem e Som da capital paulista, na marcante data 6 de março de 2010, que a discussão sobre a atual musicalidade brasileira autêntica se tornou complexa novamente, o que agravou uma surginda rivalidade política musical.

Não é de agora que a banda paulistana Hurtmold vem comendo pelas beiradas: algumas vinhetas das rádios e MTV, trechos de músicas naquele filminho nacional meio estranho e naquela reportagem especial do Fantástico; você apenas pensa que nunca os escutou. Seu samba não é cantado e tem um pé cravado no post-rock de bandas experimentais como o Tortoise. Seus integrantes concentrados nos instrumentos não esboçam sorrisos como os da trupe da Orquestra Imperial, mas a importância é equiparada pela qualidade.

Algumas músicas novas – do tão aguardado lançamento do ano – são apresentadas na primeira parte do show. Elas aparentam ser mais animadas do que as tradicionais e se entrelaçam maravilhosamente nas improvisações que fluem vagarosamente até as canções antigas. Quando surge Bulawayo ou outra música mais conhecida como Olvécio e Bica ou Halijascar, sente-se o arrepiar dos cabelos, o impulso de tocar aquele instrumento imaginário e até mesmo de levantar para sambar miudinho. Mas esse show não é para isso. É show que virá a revolucionar a MPB, o meu primeiro de muitos.

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