quinta-feira, 4 de março de 2010

O Show que não deveria acontecer


Amanheci com uma câimbra na perna esquerda, meu sanduíche de doze reais estava ressecado e ficamos enclausurados por quarenta minutos no túnel Ayrton Senna antes do show. Nada no dia 2 de março foi além do ordinário, nem mesmo o tão aguardado Coldplay.

De um lado aqueles que me perguntavam: "Já comprou o ingresso? Quanto ta?" E no time rival: “Sabe como eu sei que tu és gay? (fazendo referência ao filme Virgem de 40 Anos). Meus sentimentos por Coldplay viajam entre essas duas vertentes da escola de adoração de bandas contemporâneas.

Acompanhar a história de uma banda britânica com potencial, desde o momento de ascenção no Reino Unido até o estrelato com shows de arena e pirotecnia, é coisa rara para mim. Vi o Travis em 2000, o Coldplay em 2001 e o Snow Patrol em 2004; e dentro desse conceito, o único que abraçou o esquema “ser grande” foi o Coldplay.

Dois terços das 65 mil pessoas presentes no Morumbi estavam descontentes com o volume do som que emanavam apenas das caixas ao lado do palco, fazendo o povo do fundão que não quer se misturar e os riquinhos que esbanjam dinheiro com arquibancadas não escutarem o show dignamente.

Outro motivo para sair sem entusiasmo do show foi ver o quão fácil foi esculachar com músicas legais. Afora os comentários sobre as do novo álbum Viva La Vida - que não merecem nem uma linha -, The Hardest Part ficou desanimada e o pout-pourri de canções tão distintas como God Put a Smile Upon your Face e Talk foi um erro de principiante. Sem contar que quando o grupo apareceu num segundo palco, no meio da multidão, para um set acústico, nem mesmo Shiver foi capaz abafar ou cessar as conversas permanentes ao meu redor, o que me impossibilitou de escutá-la direito.

Nem tudo foi lástima. A banda exageradamente simpática cantou em português “Parabéns a Você” ao seu líder que completava 33 anos. No repertório, um começo avassalador, mas aí foi diluindo, ficando sem fôlego musical, escolhas erradas somadas ao som ruim. O bis trouxe emoção, mas ninguém tinha "pernas" para aquilo.

Confesso que gostei quando borboletas de papel colorido voaram em Lovers in Japan e The Scientist - que não precisa de nada para ser bonita. Até pintar, novamente, aquele corinho asqueroso de Viva La Vida que me fez lembrar de quando Chris Martin anunciara o fim da banda caso A Rush of Blood to the Head não fosse tão bom ou melhor que Parachutes. Nesse caso, eu não vi o Coldplay tocar ontem.


SETLIST: Life In Technicolor, Violet Hill, Clocks, In My Place, Yellow, Glass Of Water, 42, Fix You, Strawberry Swing, God Put A Smile Upon Your Face/ Talk, The Hardest Part, Postcards From Far Away, Viva La Vida. Lost!, ShiverParabéns para você/Happy Birthday, Death Will Never Conquer, Don Quixote, Viva La Vida (remix), encore: Politik, Lovers In Japan, Death And All His Friends, encore II: The Scientist, Life in Technicolor 2, The Escapist.

2 comentários:

  1. Putz, tão ruim assim?? =/ e eu quase largo tudo pra ir.. Queria mesmo ter ido no show de 2001, viva la vida sucks!!!

    Vc escreve bem, tetão.. ;)

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