segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lucidez no Rock Nacional

Enquanto o químico Albert Hoffmann pedalava para casa durante a primeira viagem de LSD da história, ele fantasiava muita coisa em meio às distorções visuais, sintomas de paralisia e vontade de rir, porém jamais imaginaria o quanto influenciaria o mundo. Décadas depois, uns ciclistas da classe média porto alegrense conseguiriam homenageá-lo simpaticamente com um videoclipe.



“A competência da banda Pública em fazer ótimos vídeos” foi a maneira como os apresentadores e anfitriões do programa Loaded conseguiram introduzir o grupo gaúcho ao palco da Megastore Saraiva do Shopping Morumbi, no dia 24 de abril. Sons e imagens tão palatáveis que nos indagam por que eles não estão em canais abertos, em cartazes em lojas de CDs, dando entrevistas à Marília Gabriela e outras que soam piegas no consciente do artista independente. No entrevistão do site cultural Scream and Yell, o compositor Rômulo Fróes incentiva os músicos que invistam nesse lado pop, de querer ser reconhecido, de explorar os meios de comunicações assim como eles os exploram.

Depois de uma hora de pocket show, da qual toda a atenção é centralizada nas notas e sons, e da impossibilidade de se distrair com idas ao bar, necessidade de ir ao toalete ou de trocar olhares, é inteligível que o Pública permaneça no cenário independente. Num imaginário que já contava com dois discos absurdos – Polaris (2006) e Como num filme sem um fim (2009) – e com videoclipes premiados e criativos, o mini show "redondo" só fez levar ao consciente o que deveria ser notório e bem esclarecedor: o Pública transita de bicicleta por uma realidade que não é a do ser independente, e pode muito bem ser comercializado além das rédeas desse empreendedorismo sem barato.

Para tirar suas próprias conclusões do show: http://loaded-e-zine.podomatic.com/player/web/2010-05-06T03_37_45-07_00