segunda-feira, 28 de junho de 2010

HIGHLANDS - parte I


Série dedicada a shows de bandas escocesas


Sabe quando você pensa ter engolido uma menina de doze anos, e ela vira, se remexe e brinca com as borboletas adormecidas dentro do seu estômago, fazendo sentir espasmos e cutucando com vara curta o coração? Independente da resposta, essa menina é real e se faz presente sobre a musicalidade da banda Camera Obscura.

Desmascaradora de toda hipocrisia e joguinhos de sedução, ela consegue com letras ingênuas e melodias suaves projetar amores joviais na cabeça dos mais céticos e pessimistas – característica essencial do gênero Twee. A vocalista Tracyanne Campbell faz de você o personagem principal do filme ABC do Amor em menos de uma música, e gera, com um simples “Hello! We’re Camera Obscura and we’re happy to be here in Brazil”, urros de felicidade e atenção plena daqueles confortavelmente ambientados no Studio SP, no dia 26 de maio.

O show começa com My Maudlin Career que também é o nome do último álbum do grupo, um dos melhores de 2009. A música à primeira vista trata de uma paixonite que acabou, nada extraordinária, mas relevante para mudar o rumo de uma vida. Por mais que seja algo fugaz, aceita-se o passado e dignifica a tristeza de um pós-relacionamento, levando a perder completamente a fé nos sentimentos.

Uma bela estratégia usada pela banda: a desconstrução do amor. Esvaziar para depois colorir. O restante do show foi uma coleção de músicas que iluminaram o sorriso do público. Hits como French Navy, The Sweetest Thing, Lloyd..., If Looks Could Kill preencheram o que haveria de ser completado. Interrompendo a execução de uma delas, os membros da banda riam de um telão com efeitos visuais simulando eles próprios tocando no espaço. Ali foi construída uma atmosfera de descontração que jamais vi numa apresentação. Era impossível não sorrir junto. A menina brincava ali dentro.

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